segunda-feira, 11 de maio de 2009

A influência do uso de óculos de grau no aprendizado de estudantes


Imagine uma criança com problema de miopia que não consegue enxergar com nitidez o que está escrito a lousa. Como insistir para que esse aluno esteja atento às aulas e não fique disperso? O resultado não pode ser outro: ou a criança vai às aulas, atrapalha no aprendizado dos demais colegas e reprova no final do ano letivo ou deixa de freqüentá-las. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% das crianças em idade escolar no mundo apresentam algum tipo de deficiência visual. Dados do Censo Escolar de 2005, do Ministério da Educação, confirmam essa estatística e apontam que 55.046 estudantes brasileiros apresentam baixa visão e 8.585 apresentam algum grau de cegueira.

Os oftalmologistas também são unânimes quando afirmam que os problemas de visão estão entre as principais causas de evasão e reprovação escolar. Um levantamento do programa Alfabetização Solidária aponta, inclusive, que a dificuldade de enxergar é uma questão de saúde pública responsável pela evasão escolar de 22,9% dos estudantes de ensino fundamental público no Brasil.

Diante disso, programas em todo o Brasil estão sendo criados com o intuito de diminuir essas estatísticas. No Piauí, o Instituto Qualidade no Ensino (IQE), uma instituição sem fins lucrativos que atua na melhoria da qualidade da educação em diversos estados brasileiros, vem desenvolvendo ações nessa área para melhorar o nível de aprendizagem dos estudantes de escolas públicas de todo o Estado.

Através do projeto Aliança Pró-Educação, uma iniciativa do IQE, empresas privadas ou pessoas jurídicas têm a oportunidade de “adotar” escolas públicas, mantê-las com materiais e com todo o apoio necessário para um bom funcionamento e um aproveitamento satisfatório dos alunos da unidade de ensino. E foi justamente através desse programa do IQE que algumas empresas piauienses e nacionais decidiram se reunir para fazer uma triagem dos alunos com problemas visuais nas escolas públicas e realizar a doação de óculos.

Duas das escolas beneficiadas recentemente foram a Escola Municipal Demerval Lobão e a Escola Teresinha Nunes, ambas de Teresina. De início foi realizada uma campanha com os professores para que estes selecionassem alunos com possíveis problemas oftalmológicos. Em seguida, a empresa madrinha da escola pelo programa Aliança Pró-Educação, a Casa das Linhas, disponibilizou transporte para que esses estudantes fossem levados para consultas no Hospital de Olhos Francisco Vilar, também parceiro no programa pela melhoria da qualidade do ensino no Piauí. No momento da confecção dos óculos, outro parceiro, a Ótica Diniz, abraçou a causa e doou as armações e o laboratório multinacional Carl Zeiss Vision entrou com a confecção das lentes.

Tal ação mostra como a mobilização de empresas pode resultar em grandes melhorias na educação pública. Outras escolas, inclusive, já estão cotadas para serem beneficiadas com essa ação do programa Aliança Pró-educação, mas, ainda assim, é necessário que mais órgãos e os próprios pais dediquem mais atenção a esse problema tão sério que pode ser resolvido de maneira simples.

Foto: Ascom - Instituto Qualidade no Ensino (IQE)

Ana Carolina Lopes

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